sábado, 26 de janeiro de 2008

TÁBUA DE ESMERALDA

Quando se fala de conhecimentos herméticos logo vem a tona o nome da Tábua de Esmeralda. Segundo a Tradição se trata de uma lápide, a pedra sepulcral, repleta de hieróglifos e símbolos, sob a qual jazia intacto o corpo de Hermes Trismegisto. As primeiras palavras gravadas na lápide são: “É Verdade! É certo! É a Verdade toda!- A seguir vem dizendo: “O que está embaixo é como o que está em cima, e o que está em cima é como o que está em baixo, a fim de que as maravilhas do Uno se realizem. E assim todas as coisas se fizeram do Uno, através de um mediador, assim todas elas nasceram desse único casamento.

Esta é a primeira referência ao “Princípio da Correspondência”, um daqueles chamados “Sete Princípios Herméticos”. No tocante aos Ensinamentos Herméticos os “Sete Princípios” são apenas os básicos, mas tendo-se um bom entendimento a respeito deles o discípulo, pela meditação e pela análise racional, chega a outros princípios integrantes da natureza das coisas, facilitando a compreensão sobre a Criação.

Não é fácil se chegar a níveis de conhecimentos herméticos sem que se tenha uma idéia sobre os Sete Princípios. Compreendendo-os fica mais fácil se penetrar em outros ensinamentos mais elevados. Todo aquele que estuda e medita sobre os Sete Princípios logo percebe a existência de mais alguns inerentes à natureza da criação, à Natureza Cósmica e que não são mencionados entre os sete, razão pela qual não são diretamente descritos na literatura hermética e nem diretamente ensinados diretamente, pois é o discípulo que cabe descobri-los. Chegar ao entendimento dos Princípios Herméticos que transcendem aos sete clássicos deve ser uma descoberta pessoal e, podemos dizer, bem enriquecedora. Descobri-los é algo como receber uma Iniciação de elevado nível, a partir do que um novo e vasto portal é aberto ao “Peregrino da Senda.

Entre os Princípios não revelados, um deles é de natureza inefável, pois não há forma alguma de ser verbalizado, de ser descrito o que ele precisamente é. Os Princípios Herméticos não revelados podem ser descobertos pelo pensamento, pelo raciocínio, contudo um deles somente é atingível pelo sentir.

Segundo algumas Escolas Herméticas sérias, o discípulo quando descobre os Princípios não revelados, preenche o Primeiro Grau Hermético, tendo, então o direito de receber um sinal de identificação. O Princípio Inefável completa os Princípios em que se estabelece toda a Criação. É um Principio dos mais comuns, o que é visto na natureza em maior profusão, na verdade ele não é oculto. O que é inefável não é percebê-lo mas sim entendê-lo. O Princípio Inefável, aquele que se recebe pelo sentimento, é muito significativo.

A Escola Hermética a que estamos nos referindo, dá ênfase aos segredos relativos dos Princípios não revelados. O Mestre pode orientar, conduzir o discípulo ao descobrimento, dos demais Princípios, mas não pode lhe revelar e nem descrever. Ai daquele que o fizer, ai daquele que usar de subterfúgios para descobri-los. Reza a Tradição que de forma nenhuma essa pessoa receberá o Princípio Inefável e sem este não há como penetrar nos “Mistérios Maiores”. Aquele que recebe o Princípio Inefável pode ser considerado um Iniciado e para ele estarão abertos os portais dos Ensinamentos Secretos de Thoth.

O Primeiro Grau da Ordem Sagrada de Thoth[1] visa levar o discípulo à compreensão dos princípios básicos da natureza do Universo. Quando ele atinge esse nível iniciam-se os ensinamentos sobre a criação propriamente, baseados no Corpus Hermeticum, um dos livros que faz parte da Tábua da Esmeralda.

Na Idade Média, muitos trabalhos sobre o Hermetismo foram escritos, alguns deles baseados em conhecimentos autênticos, e que chegaram até nossos dias através de documentos escritos em grego e em latim. Sem dúvida alguma, muitos deles revelam segredos da natureza e da Criação do mundo. Nesses documentos estão contidos ensinamentos que levam a conhecimentos sobre a própria natureza de Deus.

Sobre a origem Tábua de Esmeralda existem vários mitos[2] sendo, o mais conhecido deles um que já era narrado pelos gnósticos dos primeiros séculos e que deve ser entendido num sentido simbólico. Esse mito diz: “Antes de ser criado a Terra, o chefe dos anjos do Altíssimo, antes de se tornar o chefe dos anjos caídos, tinha uma esmeralda na testa localizada na posição doterceiro olho”. Contudo, quando ele rebelou-se contra Deus aquela esmeralda partiu-se em 3 partes. Uma dessas partes permaneceu lá, mas como havia se rompido desde então aquele ser deixou de ter visão clara. A jóia rompida passou a dar-lhe uma visão deformada e que é a única que lhe resta até hoje”.

Um outro pedaço que caiu criou os mundos do Caos, e a meio caminho entre o Céu e o Inferno caiu na Terra.[3] O terceiro pedaço caiu no Astral, que os Iniciados costumam denominar de Caos Filosofal, criando o Caos dos Sábios, que para os puros é o céu, o potencial da criação de todas as coisas, e que, para os que têm a visão impura, é o fogo do Inferno, e a Geena[4].

Diz a Tradição que no terceiro pedaço foi escrito o texto fundamental de todos os ensinamentos herméticos, base de todo esoterismo e ocultismo antigo e que, segundo a Tradição Ocultista Ocidental, foi escrita por Hermes Trismegisto.

Uma parte do texto escrito na Tábua da Esmeralda é conhecida pelo nome de Corpus Hermeticum, também conhecido como Discurso de Iniciação, pois nele constam alguns diálogos iniciatórios entre Hermes e seu “filho” Thath e com Asclépius.

O desenvolvimento dos ensinamentos contido no Corpus Hermeticum constitui a base de alguns dos graus iniciais da Ordem Sagrada de Hermes.[5]

O Corpus Hermeticum inicia-se com um diálogo entre Thoth e um ser denominado Pimandro (Poimandres). Parte desse diálogo é normalmente ensinado de forma exotérica, contudo nível mais elevado sobre esse diálogo somente tem acesso àqueles que hajam atingido o Primeiro Grau.

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