sábado, 26 de janeiro de 2008

HERMES TRISMEGISTO

Algumas figuras enigmáticas, tais como Melquisedec, Apolônio de Tiana, Salomão, Thot, Hermes Trismegisto, Zaratrusta, Lao Tsé, Confúcio e tantos que são normalmente citadas em muitas obras místicas, e mesmo históricas, merecem comentários que tornem mais claros determinados aspectos que podem levar à confusões. Normalmente são figuras de altíssima relevância. Todos eles foram proeminentes vultos que deram rumos ao desenvolvimento da humanidade especialmente no que diz respeito ao lado espiritual. Uma das grandes confusões de identidade que existe diz respeito a Thot que é praticamente aceito como Hermes Trismegisto, é quando na verdade se tratam de dois distintos seres. Especialmente no Ocidente as qualidades de Thot são atribuídas a Hermes, isto porque a literatura esotérica refere-se a Hermes e a Thot como sendo uma mesma pessoa, Hermes para os gregos e Thoth para os egípcios, mas, na verdade foram seres totalmente diversos. O que acontece é que os gregos ao chegarem ao Egito se deram conta de qualidades atribuídas a Thot que em muitos aspectos apresentavam semelhanças com aquelas atribuídas a Hermes.

Tendo como objetivo mostrar que Hermes e Thot foram entidades diferentes vamos estuda-los separadamente para que se possa comparar as qualidades recíprocas e se chegar à conclusão de que não se tratam de uma mesma pessoa como são considerados normalmente. Na verdade tratam-se de entidades distintas, Hermes um dos deuses da Mitologia Grega e Thot do Antigo Egito.

O nome de Hermes chegou até os nossos dias através dos escritos gregos dos hieróglifos egípcios, mas sendo estes mais recentes, pois que os mais antigos não falam de Hermes, mas apenas de Thot.

De inicio vamos falar de Hermes tal como consta na Mitologia Grega e depois estabelecer uma comparação com Thot tal como citado em papiros egípcios antigos, desde que em papiros mais recentes já se nota a existência de uma confusão de identidade entre Thot e Hermes.

Quando os gregos chegaram ao Egito tomaram conhecimento da existência de um ser excepcional - Thot - considerado um deus, o pai de todos os conhecimentos que serviram como base para o estabelecimento do gigantesco desenvolvimento daquela civilização, e constatando que muitas das capacidades atribuídas a Thot era similares àquelas que na Grécia eram imputados a Hermes. Por isto os gregos acabaram considerando os dois como se tratando de um mesmo deus, mas evidentemente trata-se de seres totalmente diferentes.

De inicio pode-se por em jogo a existência de Hermes, desde que as referências sobre ele fazem parte da mitologia, e como tal pode não ser mais que um simples mito. Enquanto isto, para os antigos egípcios, Thot realmente viveu no Egito, e antes já vivera na Atlântida com o nome de Ken ou Kan onde era considerado um Mestre. De igual modo também na Lemúria o que lhe confere o título de Trismegisto - três vezes mestre. Embora os antigos egípcios o considerassem como um escriba, e como um deus que vivera no Egito, ainda assim ele é tido por muitos historiadores como sendo um ser igualmente mítico.

Integrante do Olimpo, Hermes era filho de Zeus e Maia. Diz o mito que ele nasceu numa caverna e que bem cedo revelou uma precocidade extraordinária, pois mesmo no dia do seu nascimento Maia o deixou sozinho enrolado nos cueiros e ante a admiração de todos Hermes pulou do berço, passou por dentro do buraco da fechadura, e foi em busca de aventuras.

Dentre as aventuras de Hermes a mais citada é uma referente ao roubo de parte do rebanho de Apolo. Após roubar o gado, Hermes usou da astúcia de amarrar ramos folhudos na cauda dos animais para que se apagassem os seus próprios rastros e assim não fosse descoberto o paradeiro deles. Em seguida sacrificou dois bois em oferendas aos doze deuses do Olimpo. O restante do gado ele escondeu numa caverna. Esta trapaça foi vista por Batos, do qual Hermes tentou comprar o silêncio.

Quando Apolo se deu conta da falta do seu gado, foi à procura do mesmo por todos os lados, sem descobrir nada. Já sem esperanças ofereceu uma recompensa para quem descobrisse o ladrão. Um grupo de sátiros passando pela Arcádia ouviu o mugido dos bois e uma música agradável que saía de uma caverna. Foi então que a ninfa Cilene lhes disse que ali estava a criança mais inteligente que já havia nascido e que ela o estava amamentando.

A música ouvida pelos sátiros era tocada por Hermes que usara o casco de uma tartaruga e tripas de vaca fabricando um instrumento musical, com o qual fez dormir sua própria mãe. Onde conseguiu essas tripas de vaca, perguntaram os sátiros? Eles logo perceberam o que havia acontecido em decorrência do amontoado de peles de gado diante da entrada da caverna. Foi um roubo, disseram os sátiros, mas como uma criança tão pequena pode roubar?

Assim Apolo tomou conhecimento de que o seu gado havia sido roubado pela criança e por isto a levou para o Olimpo com o produto do roubo. Zeus relutou em acreditar que o seu filho tão pequeno fosse o ladrão e não queria admitir a falta, mas Hermes confessou o roubo e disse: Pois bem, leve os seus bois, só me utilizei de dois para sacrificar aos doze deuses. Como doze, retrucou Apolo? Até aquele momento Apolo não sabia que tinha um irmão. Quem será o décimo segundo? Sou eu, disse Hermes, e como estava com fome comi a parte que me correspondia e queimei o restante.

Regressaram os dois deuses e Hermes deu as boas vindas a sua mãe e lhe entregou algo que guardava enrolado numa pele. Que escondes aí, perguntou Apolo? Veja o que é, e retirou a lira que inventara, e começou a tocar uma doce melodia. Com seu canto Hermes agradou a Apolo além de enchê-lo de elogios, o deus ficou comovido e perdoou a ofensa do irmão. Hermes tocou seu instrumento e cantou tão docemente que Apolo ficou extasiado. “Ah, patife, disse Apolo, me dê a lira e em troca te dou os bois”. A seguir Hermes cortou um bambu e fez uma flauta. Apolo ficou extasiado com o tom e a melodia e voltou a dizer: “Malvado, te darei o meu cajado de ouro, com o qual governo os meus bois e desde já te permito ser o guardião de todos os rebanhos. Isto não, respondeu Hermes, minha flauta vale muito mais do que o teu cajado. Faremos um trato, te dou a flauta e me ensinas a fazer adivinhações. - Eu não posso te conceder esta arte, mas tu podes ir até a presença das minhas amas no Parnaso e elas te ensinarão a adivinhar através dos seixos. Ficaram de acordo e foram novamente ao Olimpo, expuseram tudo a Zeus e o deus disse a Hermes que dali por diante ele deveria respeitar a propriedade alheia e não deveria mais mentir”.

Diante da astúcia e frivolidade do novo vassalo Zeus lhe ofereceu uma nova função no Olimpo. Faça de mim um mensageiro divino e prometo não tocar no alheio e não mentir. Deves, porém, dar-me o exemplo fazendo mais. É pedir muito, disse Zeus, porém eu te darei tudo; serás o mensageiro dos deuses, presidirás os tratados tanto públicos quanto privados, fomentarás o comércio, protegerás as estradas contra os ladrões e serás o amparo dos viajantes do mundo todo. Como símbolo destas funções lhe deu um bastão com fitas para que todos o respeitassem, um chapéu de abas largas para defender-se da chuva e uma sandália com asas para voar mais que o vento.

Foi assim que Hermes ingressou na família divina e os deuses o ensinaram o modo de obter o fogo atritando a madeira. Segundo a Mitologia Grega Hermes inventou o pugilato, os jogos esportivos e ajudou a Zeus a combater os gigantes. Sua personalidade passou a tutelar a eloqüência, necessária na arte de comercializar. A desenvoltura com que realizava suas atividades o fez modelo ideal da juventude.

Como Thot praticara no Egito todas as artes, os gregos acreditaram que Thot e Hermes eram uma mesma pessoa, mas na verdade nada tem a ver um com o outro. O mesmo aconteceu com relação aos romanos que associaram Hermes a deus Mercúrio, representado como um jovem nu ou vestido com uma túnica curta, calça sandálias aladas e segurando uma bolsa, símbolo dos lucros[1].

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